Poema de Ano Novo

24 de dezembro de 2012


Bom gente, o ano novo está chegando, e como esse fim de ano é sempre aquela correria, deixo aqui para vocês uma mensagem de reflexão. Adianto que o blog está vindo com muitas novidades por ai, então é só ficarem ligados. Deixo agora como forma de reflexão, um poema de Carlos Drummond de Andrade. Espero que gostem.


Receita de Ano Novo
Carlos Drummond de Andrade

Para você ganhar um belissímo ano novo
cor de arco-íris, ou da cor da sua paz,
Ano novo sem comparação como todo tempo ja vivido
(mal vivido ou talvez sem sentido).
Para você ganhar um ano
não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,
mas novo nas semetinhas do vir-a-ser,
novo até no coração das coisas menos percebidas
(a começar pelo seu interior)
novo espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
mas com ele se come, se passeia,
se ama, se compreende, se trabalha.
Você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,
não precisa expedir nem receber mensagens
(planta recebe mensagens? passa telegrama?)
Não precisa fazer listas de boas intenções
para arquiva-las na gaveta.
Não precisa chorar de arrependimento 
pelas besteiras consumadas
nem parvamente acreditar
que por decreto da esperança
a partir de janeiro as coisas mudem
e seja tudo claridade, recompensa,
justiça entre os homens e as nações,
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados, começando
pelo direito de viver.
Para ganhar um ano novo que mereça esse nome, 
você, meu caro, tem de merecê-lo
tem de fazê-lo de novo.
Eu sei que não é fácil, mas tente, 
experimente, consciente.
É dentro de você que o ano novo
cochila e espera desde sempre

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